publicado em 29 de Fevereiro de 2012 às 09:45 - Notícias

Representante dos usuários do HR diz que inauguração de nova UTI foi enganosa

28/02/2012 22:30

Pio Redondo
 
Fartamente propagandeada pelo governo Puccinelli na televisão, a inauguração da UTI do HR, em novembro de 2011, que contou com presença do governador e da secretária estadual de Saúde, Beatriz Dobashi, não passou de simulação previamente montada para dar a ideia de funcionamento da unidade.A denúncia é de Rony Adolfo Jr, do Conselho Local do HR desde 2006, quando foi eleito como um dos representantes dos usuários do SUS.A representação popular, que tem um escritório dentro do hospital, é prevista na Lei 8080, de criação do SUS, que dá plenos poderes de fiscalização aos eleitos em plenárias dos conselhos municipal e estadual de Saúde.Segundo Rony Adolfo, “a UTI foi inaugurada com remanejamento de equipamentos que até o momento não chegaram. Foram remanejados alguns materiais para lá, e depois de “inaugurados”, os materiais e as macas voltaram para o setor de origem”.O conselheiro foi mais veemente ao condenar a simulação: “Não se pode inaugurar coisas se você não tem o equipamento para inaugurar. Não adianta inaugurar, com equipamentos antigos, remanejados de outros setores, colocando os outros setores em risco porque, como se trata de uma UTI ou CTI, você mexe com respirador e com equipamentos cardíacos”.Imagens da inauguração de novembro foram fartamente transmitidas em comerciais de televisão em todo o MS, como propaganda do governo Puccinelli. Em seis meses de 2011, Puccinelli gastou R$ 30 milhões em publicidade, quantia mais que suficiente para reequipar grande parte do HR e dos hospitais estaduais do interior do MS.Durante a solenidade de inauguração da UTI, Ronaldo Perches Queiroz , presidente da Fundação de Saúde (Funsau), criada pelo governo estadual para gerir o HR, falou em uma semana de prazo para o funcionamento, segundo informações oficiais.“A partir da próxima semana, o Hospital Regional coloca em funcionamento os novos setores. As obras de ampliação e a renovação do parque tecnológico mostram que o Hospital se torna cada vez mais uma referência no Estado e também a preocupação do governo em melhorar a qualidade dos serviços oferecidos pelo Hospital” afirmou a nota do governo estadual.Na ocasião, Perches estava ao lado do governador e da secretária Dobashi. Não houve contestação oficial à promessa. Ao contrário, na reabertura da Assembléia este ano, e diante de todos os deputados estaduais e da imprensa, o próprio governador informou a amplição da UTI Adulto do HR como fato consumado.“O complexo de terapia intensiva para adultos do Hospital Regional foi ampliado, passando de 11 para 38 leitos e recebeu equipamentos de última geração e as suas demais áreas também estão recebendo equipamentos modernos", garantiu Puccinelli.Rony Adolfo garante que os conselheiros também ouviram outras promessas do diretor do HR, em reunião no começo do ano – a de que os equipamentos estavam prestes a chegar.“O diretor prometeu que até o dia 20 de fevereiro as camas, os respiradores e outros equipamentos já estariam no local, e nós constatamos que esses equipamentos não chegaram, a gente não viu no almoxarifado do hospital ou no setor de origem”, garante.Diante do fato, os conselheiros procuraram localizar indícios da compra dos equipamentos no sistema interno de controle do HR, ao qual têm acesso pleno. Segundo Rony Adolfo, sem o encontro das evidências, a operação não obteve êxito. O conselheiro garante que os conselheiros vão cobrar de Ronaldo Perches as provas cabais da compra dos equipamentos, em nova reunião que ocorrerá em março.“Nós vamos então pedir ao senhor diretor presidente da Funsau que apresente a documentação de compra, que apresente o processo de licitação, ou a associação com outro estado para compra conjunta, quem ganhou e qual a empresa que ganhou, e o que vai entregar”, afirmou.

Conselho interditou um setor depois de inauguraçãoDe acordo Rony Adolfo, o setor de Hemodinâmica foi embargado depois da inauguração, até que problemas graves fossem sanados.“Depois que inaugurou a Hemodinâmica, o Conselho Local embargou porque os equipamentos não estavam em perfeitas condições de uso e o piso estava mal colocado. Então nós fizemos o nosso trabalho de interditar o setor até que fizessem o que tinha que fazer. Então, já é costume do Regional fazer isso (inaugurar setor inacabado), e é com esse vício que nós queremos acabar”, garante Rony.Presidência da Funsau não responde solicitação de informaçãoOntem, no final da tarde, a reportagem solicitou esclarecimentos sobre o nome do fornecedor das camas Stryker, que segundo o diretor Ronaldo Perches, teria atrasado a entrega dos produtos “por três ou quatro vezes, em função de férias de fim de ano”.A solicitação foi feita por telefone e, imediatamente após o telefonema, também através do e-mail presidencia@funsau.ms.gov.br , cujo recebimento foi confirmado. Mas não houve resposta.Em contato direto com a direção da empresa Stryker, Lilian Cardoso, da gerência da empresa, informou que os produtos não têm lista de espera e estão disponíveis “à pronta entrega”. A empresa nem sequer tem cadastro ativo no site de compras do governo do MS, como fornecedora da Funsau.Como é fabricante das “20 camas elétricas Fowler”, como Perches se reportou ao Midiamax em reportagem anterior, a Stryker fornece o produto sem intermediação, quando a compra tem seu produto especificado.Isso é o que ocorre em compras do tipo do Ministério da Saúde, para hospitais 100% SUS de outros estados, como o exemplo abaixo, facilmente localizado pela internet:

 

  EXTRATO DE CONTRATO Nº 230/2009


Nº Processo: 1681/2009. Contratante: MINISTERIO DA SAUDE CNPJ Contratado: 02966317000102. Contratado : STRYKER DO BRASIL LTDA. -Objeto: Aquisição de 3 camas hospitalar, fowler, elétrica, stryker, e 5 macas hospitalar, stryker. Fundamento Legal: A lei 8.666/93 e suas alterações e demais legislações aplicáveis à espécie. Vigência: 19/12/2009 a 31/12/2010. Valor Total: R$146.179,00. Fonte: 151000000 - 2009NE905024. Data de Assinatura: 19/12/2009.

 

 

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