14/02/2012 09:45
A má qualidade na prestação de serviços na saúde pública de Campo Grande foi tema de reunião durante toda a tarde de ontem (13) na Promotoria de Justiça, no Fórum da Capital.
O Ministério Público busca uma solução quanto aos problemas de distribuição dos serviços de ortopedia, neurologia e neurocirurgia, lista de espera de ortopedia, regulação estadual e municipal, controle de lista de exames, consultas e cirurgias.
A reunião, marcada por determinação judicial, advém de um processo de 1997. Na época, apesar de inaugurado, o Hospital Regional não estava em funcionamento. De lá para cá, algumas coisas mudaram, o HR está funcionando, mas problemas ainda existem, como declarou Rony Adolfo Junior, do Conselho local de Saúde do HRMS.
Filas para atendimento, pacientes nos corredores são algumas das questões que foram levantadas na reunião. Segundo Rony, este tipo de situação é comum e se deve a problemas na regulação do sistema SISREG e a falta de transparência por parte dos gestores públicos.
O conselheiro reclamou que existe uma Lei (8080) que permite a contratação de serviços, de forma emergencial, quando o sistema não suporta a demanda. Entretanto, ele disse que segundo os dados apresentado está tudo bem, o que não é verdade. “Chegar aqui e falar que está tudo bem é fácil.
Eles estão vendendo uma coisa falsa (...) Eles estão falando que está tudo bem, mas não está. É só fazer um teste na rede. Você não consegue uma cardio [cardiologista], você não consegue um onco [oncologista]. É três meses para uma consulta”.
As questões apontadas por Rony também acontecem no Hospital Universitário e na Santa Casa de Campo Grande, ou seja, os problemas, em vez de melhorarem aumentaram ao longo destes 15 anos. E o ponto principal do processo que era o não funcionamento do HR se resolveu, e agora os problemas são a saúde com um todo.
O diretor geral do Hospital Regional, Ronaldo Perches, disse que a preocupação do conselheiro também é do hospital. Segundo Perches, os hospitais estão cheios sim, os três hospitais que atendem alta complexidade [Hospital Regional, Santa Casa e Hospital Universitário]. Mas, ele revela que a gestão interna dos hospitais e investimentos tem sido feitos para que se possam melhorar esses problemas.
A promotora Sara Francisco da Silva lembra que a ação judicial não cuida apenas do HR, mas da prestação de serviço de saúde em Campo Grande. Segundo ela, na época o foco ficou no Regional porque ele não estava aberto. “Hoje a discussão é que o sistema de saúde de Campo Grande tem que atender a população”.
“Para atender a saúde em Campo Grande hoje nós estamos discutindo a questão de regulação. O problema que está emergencial é a ortopedia, cirurgia eletiva, mas não só a ortopedia como neurologia e neurocirurgia”, aponta.
Sara aponta que o que o principal problema é a ortopedia. A lista de espera para cirurgia chega a 300 pessoas. Segundo ela, alguém vai ter que atender essa demanda.
Entretanto, apesar de quase cinco horas de discussões não houve consenso. E o grupo remarcou uma nova reunião para 19 de março com os médicos ortopedistas.
Depois dessa segunda reunião, o grupo se encontra novamente em 11 de abril para tentar encontra uma solução definitiva. O objetivo é a assinatura de um TAC (termo de Ajuste de Conduta), caso isso não ocorra, o processo volta a juiz que dará sua sentença.